segunda-feira, 27 de novembro de 2006
O Primeiro Dia de Madalena
Já passava das onze horas quando o carro chegou à Quinta da Beira. O meu pai ajudou-a a sair. Levou-a pelo braço como se a levasse naquele preciso momento para o altar. Mas a expressão não era a de felicidade esperada num momento como esse. Muito pelo contrário. A comitiva que acompanhava Madalena até à Quinta da Beira parecia caminhar lentamente num percurso fúnebre. Iam enterrar o início da vida daquela filha. Colocou a mão direita de Madalena na mão esquerda de meu pai. O pobre homem só disse “antes morra eu que você a despose”, e desceu as escadas sem se despedir da filha. Sem olhar para trás, entrou no carro. Partiu. Nunca mais voltou à Quinta. Nunca mais viu Madalena. Morreu no dia seguinte: caiu-lhe o cavalo em cima.
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