
terça-feira, 12 de dezembro de 2006
Cedinho

Para muitos o dia já começou faz muito tempo, mas para mim é cedo de mais. Ainda está para nascer o ministro da educação que me há-de explicar porque que é que as criancinhas são obrigadas a ir para a escola tão cedo. Já que está provado que a minha geração é uma geração de consumidores, ao menos que tenhamos o proveito e consumamos o maior tempo possível na cama. Ai que bem que se lá estava agora.
Fim de Tarde

Deixaram a janela aberta. Nem estores nem cortinas impediam o mundo de ver a concretização do amor. Amor verdadeiro não merece represálias. É como os últimos raios de sol a ultrapassarem a barreira das folhas do loureiro antes de beijarem o leito: simples e perfeitos.
- Se o mundo fosse perfeito acabaria agora.
- Não, Sara, se o mundo fosse perfeito…
Não acabou a frase. Ela roubara-lhe um beijo. Puxou-o para a cama.
E naquele instante, os ponteiros dos relógios giraram ao contrário, a orbita da terra alterou-se. Homens perderam o sentido do dia e da noite, o norte deslocou-se e o centro do universo, subitamente, tornara-se aquele quarto.
Não houve pássaro que não cantasse naquele fim de tarde.
Embrulharam-se no coberto amarelo, e pela janela viram o mundo a anoitecer.
- Vou pintar este quarto de branco. Arranco este horrível papel de parede e vou enchê-lo de vidro e cristal.
Pedro abraçou-a com força.
[É lindo. – murmurou – Esta janela é um mundo. Parece que assistimos a um filme.
- Nunca pensaste como a nossa história se parece com um filme?
- E porque achas que é tão parecida?! Quem os escreve tem que se basear nalguma coisa. A vida real é o melhor argumento. A qualquer momento, em qualquer lugar do globo, há alguém a passar pelos mesmos problemas, frustrações e alegrias que nós.
[A nossa história já eu a vi muitas vezes no cinema.
- E vai ter um final feliz?!
- Todas as histórias têm um final feliz. Se não o têm é porque ainda não terminaram.
- E então, como acaba a nossa história?
Fez-se silêncio no quarto. Depois de um profundo respirar, ela respondeu.
- Um de nós vai ter que morrer.
No dia seguinte, quando ele acordou, ela já tinha partido.
- Se o mundo fosse perfeito acabaria agora.
- Não, Sara, se o mundo fosse perfeito…
Não acabou a frase. Ela roubara-lhe um beijo. Puxou-o para a cama.
E naquele instante, os ponteiros dos relógios giraram ao contrário, a orbita da terra alterou-se. Homens perderam o sentido do dia e da noite, o norte deslocou-se e o centro do universo, subitamente, tornara-se aquele quarto.
Não houve pássaro que não cantasse naquele fim de tarde.
Embrulharam-se no coberto amarelo, e pela janela viram o mundo a anoitecer.
- Vou pintar este quarto de branco. Arranco este horrível papel de parede e vou enchê-lo de vidro e cristal.
Pedro abraçou-a com força.
[É lindo. – murmurou – Esta janela é um mundo. Parece que assistimos a um filme.
- Nunca pensaste como a nossa história se parece com um filme?
- E porque achas que é tão parecida?! Quem os escreve tem que se basear nalguma coisa. A vida real é o melhor argumento. A qualquer momento, em qualquer lugar do globo, há alguém a passar pelos mesmos problemas, frustrações e alegrias que nós.
[A nossa história já eu a vi muitas vezes no cinema.
- E vai ter um final feliz?!
- Todas as histórias têm um final feliz. Se não o têm é porque ainda não terminaram.
- E então, como acaba a nossa história?
Fez-se silêncio no quarto. Depois de um profundo respirar, ela respondeu.
- Um de nós vai ter que morrer.
No dia seguinte, quando ele acordou, ela já tinha partido.
Não me largues nunca

Segurou-a no momento-chave pela cintura, e implorou-lhe chorando:
- Não, não faças isso. E eu? Como é que eu vou ficar? Olha! Olha para mim…
- De que é que vale? Tu não gostas de mim.
- Como é que sabes?
Um abraço. Não houve beijo, só o tal «big-hug».
Ele pegou-a ao colo. Ela abraçou-se ao pescoço dele.
- Eu matava-me. A sério que sim.
- Não fales mais nisso.
Ela começou também a chorar.
- Não me largues nunca.
- Não, não faças isso. E eu? Como é que eu vou ficar? Olha! Olha para mim…
- De que é que vale? Tu não gostas de mim.
- Como é que sabes?
Um abraço. Não houve beijo, só o tal «big-hug».
Ele pegou-a ao colo. Ela abraçou-se ao pescoço dele.
- Eu matava-me. A sério que sim.
- Não fales mais nisso.
Ela começou também a chorar.
- Não me largues nunca.
sábado, 2 de dezembro de 2006
Sorrisos
sexta-feira, 1 de dezembro de 2006
segunda-feira, 27 de novembro de 2006
Perfeito
Dorme Bem

Vai para a cama e imagina que voas sobre o mar.
Sempre em frente.
Até chegares ao sol, do outro lado do Mundo.
Lá em baixo vês as pessoas a passar depressa.
Continuas em frente até a noite voltar.
Passas por sítios onde chove, onde neva, e finalmente voltas ao teu quarto.
Sentes os cheiros e os barulhos, cheia de sono.
Dorme Bem.
Se existisses, matavas-me agora

- É servido?! – estendeu um whisky ao inspector só por cortesia: a resposta já ele a sabia de outros filmes. Fez-lhe sinal para que se sentasse. Sentaram-se os dois em sofás opostos. A sala parecia agora ainda mais negra. A atmosfera de tensão foi quebrada pelo estilhaçar do copo de Pedro no chão ao receber a notícia.
- Grávida?! Como assim?! Ela disse que não podia ter filhos…
- Lamento imenso, não sei mais o que lhe dizer. Foram estas as informações dadas pelo médico legista e que constam no relatório que nos foi entregue. Pensei que vos interessasse saber…
Há fossos muito grandes, buracos-negros nos quais toda a esperança e vida de um homem se enterram. Naquele instante o futuro de Pedro morrera. Jurara entregar a alma ao diabo por aquele filho. E se já pouca fé tinha, naquele sopro perdera a que lhe restava. Que deus seria aquele que lhe levava o amor e o fruto do amor? Que deus era aquele que negava a vida a duas almas perfeitas? Roubasse-lhe antes a vida a ele para salvação das outras duas.
- Se existisses, matavas-me agora.
- Desculpe, está a falar comigo? – o inspector não percebeu o contexto daquele pedido. Acabou por se despedir à pressa do sujeito. À porta esperava-o outro agente, este fardado.
- Vigie-o bem. Não me admirava nada que se matasse entretanto. Era o que eu faria.
- Grávida?! Como assim?! Ela disse que não podia ter filhos…
- Lamento imenso, não sei mais o que lhe dizer. Foram estas as informações dadas pelo médico legista e que constam no relatório que nos foi entregue. Pensei que vos interessasse saber…
Há fossos muito grandes, buracos-negros nos quais toda a esperança e vida de um homem se enterram. Naquele instante o futuro de Pedro morrera. Jurara entregar a alma ao diabo por aquele filho. E se já pouca fé tinha, naquele sopro perdera a que lhe restava. Que deus seria aquele que lhe levava o amor e o fruto do amor? Que deus era aquele que negava a vida a duas almas perfeitas? Roubasse-lhe antes a vida a ele para salvação das outras duas.
- Se existisses, matavas-me agora.
- Desculpe, está a falar comigo? – o inspector não percebeu o contexto daquele pedido. Acabou por se despedir à pressa do sujeito. À porta esperava-o outro agente, este fardado.
- Vigie-o bem. Não me admirava nada que se matasse entretanto. Era o que eu faria.
Fim
Olhou para a janela.
- Ela adorava esta janela.
Havia algo de mágico no anoitecer que se vislumbrava. Os últimos raios de sol entravam quarto dentro e faziam brilhar todos os vidros e cristais. O branco puro do quarto contrastava com o azul-cinzento do parapeito da janela.
- Sabia que esta é a melhor altura para olharmos para o sol sem ferir os olhos?
- Eu sei. Foi a última coisa que ela disse antes de morrer.
O sol continuou a esconder-se por detrás do monte. Era o início do fim de um qualquer outro dia.
O Primeiro Dia de Madalena
Já passava das onze horas quando o carro chegou à Quinta da Beira. O meu pai ajudou-a a sair. Levou-a pelo braço como se a levasse naquele preciso momento para o altar. Mas a expressão não era a de felicidade esperada num momento como esse. Muito pelo contrário. A comitiva que acompanhava Madalena até à Quinta da Beira parecia caminhar lentamente num percurso fúnebre. Iam enterrar o início da vida daquela filha. Colocou a mão direita de Madalena na mão esquerda de meu pai. O pobre homem só disse “antes morra eu que você a despose”, e desceu as escadas sem se despedir da filha. Sem olhar para trás, entrou no carro. Partiu. Nunca mais voltou à Quinta. Nunca mais viu Madalena. Morreu no dia seguinte: caiu-lhe o cavalo em cima.
Um filho

- Não penses mais nisso…
- Era o meu filho, Pedro, e eu não fui capaz de o agarrar.
- Nunca mais voltes a dizer isso.
- Eu não o merecia, foi por isso que Deus mo tirou.
- Se Deus existisse não to tinha tirado.
Olhou para ele admirada.
- É verdade, Sara, também tenho as minhas dúvidas acerca de Deus. Talvez eu não O mereça.
- Gostava de ter um filho teu para podermos provar ao mundo o quanto gostamos um do outro. Morreria feliz se o pudesse gerar. Mas isso não vai acontecer…
- Também gostava muito de ter um filho contigo. Mas se isso não vier a acontecer, temo-nos um ao outro, para sempre. E isso é a única constante com a qual podemos contar.
Mulher vs Homem

- E os salários?! E as saídas à noite quando ainda somos novos? Quem ganha sempre?! São os homens…
- Isso varia muito. Ou até não. Os salários estão a 50-50. Há cada vez mais mulheres em grandes cargos, profissões de destaque. E além disso, as mulheres têm maior facilidade de chegar aonde querem. Tanto por capacidades como por outros atributos…
- O que queres dizer, Telmo?
- É óbvio, não digas que não. Basta uma mulher descruzar as pernas para o homem fazer tudo aquilo que ela quiser.
- Mas isso é porque vocês são burros.
- Não, isso é porque gostamos demasiado de vocês."
sexta-feira, 24 de novembro de 2006
"Se a mulher é o símbolo do amor, a relação perfeita será entre duas mulheres"

Há no encontro de duas almas algo de tão excepcional que até arrepia aos cépticos das andanças do amor. O amor não tem que ser físico. O amor não tem que ter palavras. O amor pode não ter acção. Basta existir. Aquelas duas mulheres simplesmente o consumaram da forma mais humana possível: a forma carnal. Era impossível resistir a uma tentação tão grande. Afinal, toda aquela implicância não passava de uma paixão em crescimento, de uma tentação que ia contra todas as normas sociais e morais. Sim, era um pecado. Um doce pecado.
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